quinta-feira, 1 de abril de 2010

Livre na selva de pedras


Fazia quanto tempo mesmo? Ano? Meses? Não sei, perdi as contas.
Há quanto tempo estou ali, e, pior que estar ali, é não querer estar ali.

Se aprendi? Como jamais em minha vida...

Me arrependi? Como jamais em minha vida...

Hoje, depois de um ano, carreguei a bateria do meu Ipod, haviam 400 músicas adormecidas nele.

Corri no meu ambiente, na minha casa, corri pra Paulista e ao som de Oasis no último, senti a pele arrepiar. Corri e atravessei quando não podia, fiquei por um fio... Mas, há quanto tempo estou por um fio?
Senti o vento violento dos carros passar por centímetros das minhas costas, lambendo meus cabelos, agora mais escuros, mais maduros. Ri.
Fiquei no canteiro central da Av, na ilha, sentindo o passar de todos os carros, motos e ônibus, e, estranhamente presa ali, me senti absurdamente LIVRE. Fora de perigo, salva e protegida pela selva de pedras e senti no ar lotado de fuligem, um perfume... Eu pertenço a essa coisa toda, essa "loucura".

Do outro lado da rua, o Homem de Lata do Mágico de Oz aguarda o farol ficar verde, sim, ele mesmo, parece-me que ele saiu do conto e caiu no encanto da cidade grande, ou achou seu caminho e um coração, já que me fita e sorri de canto, um sorriso de tinta spray prata, assim, meio ensaiado. Deve viver de esmolas... Pobre Homem de Lata, antes tivesse ficado perdido nos livros infantis, de estar igualmente arrependido como eu, quando na livraria Martins Fontes, na sessão de Cartas, Biografias e Correspondências de Guerra (minhas preferidas), atendi aquele telefonema ardiloso da Bruxa D'oeste.
Maldita infeliz, apenas queria tripudiar um pouco mais e destilar suas frustrações em mim. Logo quem? Adoradora e PRATICANTE das Leis de Talião?
Tornei-me infinitamente mais sábia e aprendi uma valorosa lição: Há perdões que ofendem, gravam a injúria ao invés de apaga-la.
Depois notei que realmente sou capaz de perdoar, exceto mau-caratismo e maldade, e tentei de todo coração, entretanto agora sei que não, apenas tirei o imperdoável do centro das atenções e em seguida o coloquei no lugar de onde ele jamais deveria ter saido: da minha extraordinária memória.
Algumas pessoas já deveriam ter aprendido com quem estavam lidando.
Pois agora é tarde, pois Inês é morta! Amém.

Nota mental: Colocarei meu sapatinho vermelho e sumirei num passe de mágica, no centro de um furacão vivaz qualquer... Seguindo meu caminho, procurando minha paz, meu cachorro e meu bule de chá.

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