terça-feira, 20 de abril de 2010

Carta para Toalá


Oi, querida, como estão as coisas?
Não conte isso para ninguém, pois com certeza na fase em que está não acreditarão em voce.
Estou em 2010 e voce, em 1998, no inverno, acertei? Eu estou em Abril, outono, mas com cara de verão por enquanto, nunca mais senti um frio como este que está sentindo hoje.
Quero lhe dizer que tudo terminou bem, apesar disso que está passando e para voce parecer que não há uma saída, um caminho a seguir, acredite, magrela, há.
Sei o que está pensando, sei da sua atual aparencia, mas não se preocupe, ficará mais apresentável com o passar dos anos, até engordará um tantinho e irá perder tudo em uma dieta radical!
Saia deste quarto, abra a janela, pare de olhar para este telefone vermelho triste que fica grudado na parede por um prego torto, ele não vai tocar. Ele não vai te ligar, nem hoje, nem amanhã e nem nunca. Se eu fosse voce, jogaria ele fora.
Vá beijar seu avo no quarto ao lado, ele está indo embora para sempre, está sofrendo mais que imagina, e nem chega perto do que está passando, deixa de ser mimada e egoista, a morte é muito pior de se enfrentar. Fique ao lado dele, pois o dia não tardará a chegar.
Voce se formou em Direito, sério! Estudou cinco longos anos, viveu tantos anos felizes, foi muito amada e protegida, morou longe, no interior em uma linda e enorme casa azul clara, toda avarandada e dormia com seus cachorros aos seus pés, num calor, numa linda cidadezinha onde a poeira subia vermelha e voce ao brincar com seus cães, tomava banho nua em seu quintal, de água mineral.
Aprontou uma das suas, viveu aventuras, errou e feio, chorou, se arrependeu, brigou, e se reergueu novamente, descobriu o café, passou a ler muito mais, a estudar mais, ficou mais bonita e mais tranquila. Esperou, teve esperanças, realizou, fez uma linda festa de formatura, aí seu pai também partiu. Mas não chore, ele partiu levemente e voce foi se despedir de branco e azul num dia lindo de sol.
Se apaixonou, reencontrou alguém que há muito estava esperando, largou tudo, se jogou e está mais feliz do que jamais pode imaginar, realizando todos os seus sonhos e em uma paz absoluta, felicidade plena. Conseguiu entender tudo que te aconteceu e percebeu que fez mais vítimas do que foi. Querida, leia com atenção. Tudo é culpa sua, ninguém te fez nada que voce mesma não tenha permitido. Perdoe e espere um dia ser perdoada, pois está cometendo erros dos quais não terão retorno. Aceite a ajuda oferecida.
O sol voltará a brilhar, muito mais forte do que já pode ver um dia em sua vida, serás tão feliz que se arrependerá de todos esses equívocos. A sua felicidade não está na mão de quem quer que seja, está nas suas mãos. Faça acontecer.
Não frequente a academia, pagará dois meses e não usará, mas insista em sua amizade com Veronica, até hoje existe contato, ela se tornou uma amorosa mãe de tres lindas crianças e está casada feliz e é decoradora. Já Cristina que parecia ter todo poder da beleza e personalidade, hoje, é uma mãe infeliz e frustrada, os anos passaram e a beleza passou junto com eles, digo todas as formas de beleza.
Querida, insisto, se cuide, não chore mais, jogue este telefone vermelho fora, pois ele jamais tocará.
Um beijo, de quem te ama muito.

PS. O nome do seu grande amor é Luciano. Espere-o.

Um comentário:

Marcio Marques disse...

De longe, um dos textos mais lindos que já li, Carol.
Acompanho você desde 2000, li inumeros textos e observei quase todos esses acontecimentos "por fora". Você me contava algo num dia, algo no outro e eu montada isso como um lindo quebra-cabeças. AS vezes vc presenteava cum uma pecinha por dia, ou a cada vez que eu fui te encontrando no MSN. Tah certo! Cada vez que a gente quebrou o pau, eu deixei algumas peças cairem no chão e perdia o caminho da montagem. Mas o quebra-cabeças que eu tinha, era apenas uma cópia do original que vc o montou nesse texto. Com certeza, um lindo quebra-cabeças, porque une uma hitoria linda (a sua) com a segunda coisa que vc mais gosta= escrever. ...A primeira é "ler". To enganado?
São com lindas peças (as vezes não), que se constrou uma história.

um bjo,
do seu velho amigo,
Marcio