quarta-feira, 27 de outubro de 2010

No meu julgamento


No meu julgamento

Fui atada, algemada
meus cabelos cresceram naturais
por muito tempo fiquei sentada
me levaram aos tribunais

Na sala, fui posta a frente dos meus julgadores
Uma cretina, uma fudida, uma dissimulada, meus corretores
Levantei-me para ouvir as testemunhas
Uma a uma foi me sendo revelado

Essa menina é uma maluca!
A outra disse, "tudo que ela fala é uma loucura"
Perguntei, quem aqui me conhece?
Ninguém, mas tampouco te aturam!

Nenhuma me olhava no olho
Pode estar aí meu consolo
Quem não olha nos olhos não pode
fazer da minha história, trambolho

Mais testemunhas chegaram
Uma delas me deu um abraço
Para minha surpresa esta seria
a cobra que me condenaria um dia

Gritaram no tribunal
Prenda, Toalá, ela é infernal
Eu sorri diante de todos
me imaginei no carnaval

Onde todo mundo usa uma fantasia
A mais procurada é da hipocrisia
Mas eu prefiro ainda
Me passar por uma simples joaninha

Voltei à realidade
Mas, agora, no meu julgamento eu estava à vontade
Quem me condena me conhece de boatos
Boatos não tem a ver com fatos

O fato é que não sou inocente
Faço, aconteço, dou com a lingua nos dentes
Isso não faz um frustrado contente
principalmente uma puta, quem tanto mente

Escreverei minha carta
para todos serei exata
esperarei a vida responder
nenhum minuto eu tenho a perder

Saiu minha sentença
Levantei-me para recebe-la em vossa presença
Minha condenação - ficar de boca calada
Enfiar a verdade no rabo e morrer engasgada.

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