quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Haydice
Minha avó não teve sorte
Logo teve encontro com a morte
Primeiro foi um filho
logo em seguida o marido
Sem respirar, mãe e pai
tinha uma irmã, Eni
linda, rica, turquesa
ela viveu dos seus "ais"
Segundo filho, João
alcoolatra, doente, caido no chão
viveram os dois num inferno
Deus o levou, num inverno
Ficou viva, ainda morta
contrariando todos que deram as costas
me chamou num canto, tadinha
Toalá, você é a minha primeirinha
Ela foi sem avisar
fiquei sabendo com pesar
Vovó, ainda sou sua primeirinha?
certeza que no céu caminha
O anjo veio a noite
e disse sussurando
Haydice, está na hora
me dê a mão, vamos voando
Agora ela está em paz
ninguém a julgará mais
foi mais inteligente, saiu de cena
Haydice agora "jazz"
Familia
Familia
minha familia é unida
sentam-se à mesa para decidir
quem aqui, quem dali
merece ter uma vida?
Fui colocada na pauta
bem logo no dia em que nasci
ja decidiram de plano
que nada seria, em anos
Fui crescendo, percebendo
que na lapela de meu vestido
havia tinha uma estrela
dessas que os Judeus usavam
Fui marcada viva
como cavalo de embaraçada crina
essa menina não tem futuro
ela vive em outro mundo
O mundo que eu vivia
era de alcool, drogas ilicitas
criança que eu era não achava
em nada daquilo graça
Mas já pequena estava condenada
a provar, provar
resultado? Nada.
Mas nunca, jamais, pararam de falar
Deus um dia olhou para mim
Olha Toalá, a vida lhe sorri
Me abençoou me carregando
colocou em minha volta mil anjos
Incrivel, cresci praticamente intocada
mas minha familia, que ingrata
permaneço sendo a filha do alcoolatra
tudo bem, a sorte bateu em minha porta
Obrigada, Deus por me fazer
uma garota forte e sobreviver
queria muito ter uma familia
e que falassem - Toalá, seja bem vinda!
No meu julgamento
No meu julgamento
Fui atada, algemada
meus cabelos cresceram naturais
por muito tempo fiquei sentada
me levaram aos tribunais
Na sala, fui posta a frente dos meus julgadores
Uma cretina, uma fudida, uma dissimulada, meus corretores
Levantei-me para ouvir as testemunhas
Uma a uma foi me sendo revelado
Essa menina é uma maluca!
A outra disse, "tudo que ela fala é uma loucura"
Perguntei, quem aqui me conhece?
Ninguém, mas tampouco te aturam!
Nenhuma me olhava no olho
Pode estar aí meu consolo
Quem não olha nos olhos não pode
fazer da minha história, trambolho
Mais testemunhas chegaram
Uma delas me deu um abraço
Para minha surpresa esta seria
a cobra que me condenaria um dia
Gritaram no tribunal
Prenda, Toalá, ela é infernal
Eu sorri diante de todos
me imaginei no carnaval
Onde todo mundo usa uma fantasia
A mais procurada é da hipocrisia
Mas eu prefiro ainda
Me passar por uma simples joaninha
Voltei à realidade
Mas, agora, no meu julgamento eu estava à vontade
Quem me condena me conhece de boatos
Boatos não tem a ver com fatos
O fato é que não sou inocente
Faço, aconteço, dou com a lingua nos dentes
Isso não faz um frustrado contente
principalmente uma puta, quem tanto mente
Escreverei minha carta
para todos serei exata
esperarei a vida responder
nenhum minuto eu tenho a perder
Saiu minha sentença
Levantei-me para recebe-la em vossa presença
Minha condenação - ficar de boca calada
Enfiar a verdade no rabo e morrer engasgada.
Edimaldia
Com elas eu aprendi
Com elas eu aprendi...
Com Lúcia, a renúncia
com Thalita, a batalha
com Thaiene, a força
com Carolinas, a raça
Com Lígia, a abrir mão
Com Elaine, a confiança
Com Marta, a ser bonita
Com Edimaldia, a esperança
Com Flávia, a voar
Com Samantha, a lutar
Com Jamaica, a sorrir
Com Juliane, a parir
Com vovó Waltrudes, a sabedoria
Com vovó Haydice, a loucura
Com a Tata, a doçura
Com Tia Lia, a alegria
Com as "Toalás", a negritude
Com Ana Paula, a juventude
Com Kátia, ser ariana
Com Ana Portela, ser dela
Com Amália, me reinventar
Com Fabiana, a fofocar
Com Dona Sônia, a cabeça levantar
Com Madalena, a ver o dia raiar
Com Vanessa, pseudopureza
Com Júlia Carolina, ser cretina
Com Liane, superar a morte
Com Raquel, abraçar a vida
Com Eliz, a me ornar
Com Ana, a me amar
Com Lyara, a orar
Com Tiana, a ser irmã
Com Renata, ser genuína
Com Aline, ser arrogante
Com Daniela, nascer princesa
Com Riso, a apanhar e levantar
Com essas mulheres eu aprendi
Coisas que jamais esqueci
E por elas vivo
No mundo Toalá, onde só eu existo
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Quintal de Ana
No quintal de Ana
tem cachorro e tem gato
é longe daqui
só dá pra ir de sapato
No quintal de Ana
tem tristeza e alegria
a escola dela é verde
ela vai todo o dia
No quintal de Ana
tem avó e tem tia
a mamãe não está
era isso que Ana temia
No quintal de Ana
tem doces e brincadeiras
tem sono, tem canseira
a solidão é uma bobeira
Ana já sabe ligar
disca os números para dizer, olá
a pequena espera e diz
Alô, papai, como está?
Ana é guerreira bela
nasceu com uma estrela amarela
nenhum problema lhe atrapalhará
porque o mundo todo é dela!
Lyara
Da minha barriga não veio
de alguma forma o anjo veio
de cabelos longos por uma promessa
quem sabe, menina, te vejo uma hora dessa?
Com fé inabalável
seu sorriso incansável
ela chegou ao mundo
uma pena que dividiu dois mundos
Um mundo de Lyara, pura, casta
o outro, quem sabe?
Se um dia Lyara
na realidade desabe?
Mas, menina
tem outro mundo ali na esquina
tão perto que suas mãos podem alcançar
com tanta facilidade que mal pode imaginar
Lyara, dorme tranquila
tens um pai que por ti daria a vida
sou uma barriga que não te gerou
mas por causa do seu sangue sempre te amou!
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Outros outubros vieram, para nós.
A esse segundo outubro dedico
as linhas que mesmo tortas, combinam
As cores dos outubros que já levitam
que meu coração, já pintam.
Ao meu Luciano, meu anjo
com todo este encanto...
Que é meu melhor amigo
meu sonho desde menininha
Uma florzinha pequenininha
eu mirava pela janela de sainha curtinha,
Com um papel de óculos e binóculo,
te olhava de longe e dizia - Olha! Meu outubro lá caminha!
Toalá Petricelli
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Casa de ferreiro... armário bagunçado.
São nove e treze da manhã, acabei de abrir meus olhos. Um raio de luz escapa da vedação da janela, intrometido que é, e faz doer minha retina. Levanto e não há nada que me impeça hoje de voltar para minha musculação.
Não? Sim, há.
Vejo que já não tenho roupas limpas porque a máquina de lavar foi entregue ontem de forma que sabão em pó e amaciante não moram na minha lavanderia, ainda. Preciso busca-los no supermercado. "Que preguiça de levantar e encarar a cidade..." - diria Orlando Moraes.
Sendo assim, o que vestir para me apresentar ao "dia"? Minha avó me ensinou que jamais deveria sentar-me a mesa do café da manhã sem estar de banho tomado, impecavelmente penteadae vestida. O-ou... aqui tenho um par de meias que não são minhas, mas cheiram a Confort, uma camiseta do Mickey e uma...humm, calcinha que só-por-Deus, onde eu estava com a cabeça pra comprar isso? Metade de mim é uma atriz pornô, outra criança na Disney e emabaixo uma retardada. Pra completar faço duas tranças, uma de cada lado e - Vovó, estou pronta! (penso, pois vovó JAZZ faz tempo)
A máquina de café já fez o trabalho dela e vou dizer que esta tem sido mais eficiente que minha mega ultra máquina de café espesso, porque contrariando todos os manuais, o café EXPRESSO é aquele que sai mais rápido, e ela ganha. Minha pretinha de coador de papel é esperta como toda boa malandra, corre na frente e ganha um.
Tá, não sou ninguém sem um café com leite bem quente e extra forte. Quando os primeiros goles descem pela minha boca meu corpo inteiro arrepia, é imediata a sensação que a cafeína proporciona. Meu espírito está de volta nos meus 50k de osso e carne.
Ahh, agora sou eu, acordei. Abro meu netbook, o qual nunca dou "shut down", coloco-o apenas para dormir.
Abro os emails, jornais, facebook, twitter, orkut e MSN, nesta ordem, vou processando café, informações importantes, cotações, tufões, assassinatos, piadas, scraps, blogs de unhas, poesias, citações...
Abro meu MSN e já de cara muitas janelas se abrem, automaticamente, de mensagens offline deixadas na madrugada, na manhazinha, coisas que aconteceram enquanto eu dormia, penso que perco muito tempo dormindo e neste meio tempo as pessoas já sofreram todos esses dramas. Uau.
Acabo sendo uma espécie de psicologa virtual, conselheira, organizo e dou um jeito de arrumar a vida das pessoas enquanto meu armário está uma verdadeira zona. Quando percebo já acalmei todo mundo, dei uma solução, analisei e cheguei a conclusões pertinentes, e meu armário está bagunçado.
Penso em mim como Holly Golightly (Audrey Hepburn) em Breakfast at Tiffany's, quando o par romântico dela, o fictício escritor Paul Varjak (George Peppard) chega no apartamento dela e percebendo uma certa zona na sala a questiona:
- Também mudou-se a pouco tempo?
Holly naturalmente responde:
-Não querido, estou aqui há mais de um ano. (e procura o telefone que está dentro de uma mala de viagens). Sou um pouco Holly. Não, pensando bem, sou muito Holly.
No final das contas está tudo muito bem, porque quando chega as dezoito e trinta e três eu, no crepúsculo, percebo que sou extremamente feliz e tenho uma garrafa de Chandon na geladeira esperando ser aberta quando os cupins de asas que anunciam a primavera finalmente chegarem trazendo os ventos quentes.
Dou risada, não deveria, mas dou e meu armário está pacientemente esperando que eu tenha tempo para ele, e nada poderia estar mais certo que tudo isso, afinal, meu lar é onde estão os meus sapatos e eles estão aqui.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Carta para Toalá
Oi, querida, como estão as coisas?
Não conte isso para ninguém, pois com certeza na fase em que está não acreditarão em voce.
Estou em 2010 e voce, em 1998, no inverno, acertei? Eu estou em Abril, outono, mas com cara de verão por enquanto, nunca mais senti um frio como este que está sentindo hoje.
Quero lhe dizer que tudo terminou bem, apesar disso que está passando e para voce parecer que não há uma saída, um caminho a seguir, acredite, magrela, há.
Sei o que está pensando, sei da sua atual aparencia, mas não se preocupe, ficará mais apresentável com o passar dos anos, até engordará um tantinho e irá perder tudo em uma dieta radical!
Saia deste quarto, abra a janela, pare de olhar para este telefone vermelho triste que fica grudado na parede por um prego torto, ele não vai tocar. Ele não vai te ligar, nem hoje, nem amanhã e nem nunca. Se eu fosse voce, jogaria ele fora.
Vá beijar seu avo no quarto ao lado, ele está indo embora para sempre, está sofrendo mais que imagina, e nem chega perto do que está passando, deixa de ser mimada e egoista, a morte é muito pior de se enfrentar. Fique ao lado dele, pois o dia não tardará a chegar.
Voce se formou em Direito, sério! Estudou cinco longos anos, viveu tantos anos felizes, foi muito amada e protegida, morou longe, no interior em uma linda e enorme casa azul clara, toda avarandada e dormia com seus cachorros aos seus pés, num calor, numa linda cidadezinha onde a poeira subia vermelha e voce ao brincar com seus cães, tomava banho nua em seu quintal, de água mineral.
Aprontou uma das suas, viveu aventuras, errou e feio, chorou, se arrependeu, brigou, e se reergueu novamente, descobriu o café, passou a ler muito mais, a estudar mais, ficou mais bonita e mais tranquila. Esperou, teve esperanças, realizou, fez uma linda festa de formatura, aí seu pai também partiu. Mas não chore, ele partiu levemente e voce foi se despedir de branco e azul num dia lindo de sol.
Se apaixonou, reencontrou alguém que há muito estava esperando, largou tudo, se jogou e está mais feliz do que jamais pode imaginar, realizando todos os seus sonhos e em uma paz absoluta, felicidade plena. Conseguiu entender tudo que te aconteceu e percebeu que fez mais vítimas do que foi. Querida, leia com atenção. Tudo é culpa sua, ninguém te fez nada que voce mesma não tenha permitido. Perdoe e espere um dia ser perdoada, pois está cometendo erros dos quais não terão retorno. Aceite a ajuda oferecida.
O sol voltará a brilhar, muito mais forte do que já pode ver um dia em sua vida, serás tão feliz que se arrependerá de todos esses equívocos. A sua felicidade não está na mão de quem quer que seja, está nas suas mãos. Faça acontecer.
Não frequente a academia, pagará dois meses e não usará, mas insista em sua amizade com Veronica, até hoje existe contato, ela se tornou uma amorosa mãe de tres lindas crianças e está casada feliz e é decoradora. Já Cristina que parecia ter todo poder da beleza e personalidade, hoje, é uma mãe infeliz e frustrada, os anos passaram e a beleza passou junto com eles, digo todas as formas de beleza.
Querida, insisto, se cuide, não chore mais, jogue este telefone vermelho fora, pois ele jamais tocará.
Um beijo, de quem te ama muito.
PS. O nome do seu grande amor é Luciano. Espere-o.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
É proibido ser ingênuo.
É o avesso da lógica.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
A Diaba veste Zara
Boazinha? Longe disso.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Livre na selva de pedras
Fazia quanto tempo mesmo? Ano? Meses? Não sei, perdi as contas.
segunda-feira, 8 de março de 2010
A chave da coisa toda
... na vida, a gente precisa aprender o tempo todo. Aprender nos livros, nos exemplos, na TV, nas revistas, nas bulas de remédio.
Nunca lamente uma fase da vida, que não seja exatamente o que sonhou pra você. Absolutamente nada é por acaso e isso não é um clichê.
A sabedoria de compreender o porquê das coisas é fundamental para uma existência feliz e considerar que Deus não castiga e nem premia ninguém. O que ocorre, ao meu ver, é apenas uma conseqüência dos atos. Se plantar melancia, melão não vai colher.
Olhe direito para sua situação e de repente poderá perceber que está nela para aprender o que não ser, o que não fazer, e esta lição pode ser a mais importante da sua vida. Olhar, analisar e se dar conta que o que você critica nos outros, é uma projeção sua, é seu espelho, é a chave da coisa toda.
Costuma criticar o que não tem capacidade de ser ou o que de fato é, mas não tem força moral pra coexistir com este fato.
Lançar as frustrações em cima de um coitado qualquer não vai me fazer ninguém melhor.
Bom, olhar e se dar conta que o que se não quer pra si está diante dos seus olhos é mais fácil do que imagina, se acaso causa repulsa a atitude alheia, procure-a antes dentro das atitudes, com certeza as achará.
Certo dia dei-me conta que eu parecia muito com o que eu costumava a julgar, e de tão feio que eu achei, resolvi mudar.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Nossa Caravan Verde
Nossa caravan 1982 verde, quanta vergonha tinha
hoje com mais maturidade vejo sua valia
nos levava de canto a canto
mudança a mudança
quantas andanças!
Nossa caravan 1982 verde, quanta vergonha tinha
escondida no porta malas
com meus três são bernardos imundos
ganhando o mundo
acho que ela tinha asas
Nossa caravan 1982 verde, quanta vergonha tinha
nos salvou do nosso predador
na calada da noite com seu velho motor
com medo e depois alegres
em meio as matas e agrestes
Nossa caravan 1982 verde, quanta vergonha tinha
mas perdoe a cabeça de criança
que com cinco anos de idade já não tinhas esperanças
de cessar todas aquelas viagens
cansada de ver somente paisagens
sem poder toca-las
Querida barulhenta caravan 1982 verde
saudosas estamos de você
e onde quer que esteja
saiba que somos agradecidas
por ter salvados tantas vezes as nossas vidas
Toalá Carolina